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12 de agosto de 2019

Petróleo: Bacia potiguar tem cenário promissor com iniciativa privada



A operação de 34 campos maduros de petróleo na região de Mossoró, com entrada da iniciativa privada, é vista como a retomada otimista e consistente da exploração na bacia petrolífera do Rio Grande do Norte. A Petrorecôncavo, empresa que adquiriu da Petrobras os campos maduros, deve iniciar as atividades até o início do próximo ano, com a previsão de investimentos da ordem de R$ 600 milhões nos próximos cinco anos.

O presidente da Petrorecôncavo, Marcelo Magalhães, em recente entrevista à imprensa local, afirmou que a empresa vai priorizar a economia local, inclusive, devendo ficar sediada em Mossoró. “Temos vasta experiência em revitalização de campos maduros e já fizemos isso na Bahia. Esperamos fazer isso no Rio Grande do Norte com investimento local e com mão de obra local. Vamos sediar o escritório em Mossoró”, afirmou, ao adiantar que “o braço da Petrorecôncavo no RN será a empresa Potiguar E & P.”

A nova fase da bacia potiguar foi discutir em encontro promovido pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), com a participação de autoridades e outros representantes do segmento. Como convidado de honra, o Rio Grande do Norte aproveitou a oportunidade para apresentar o evento Mossoró Oil & Gás – IV Fórum Onshore Potiguar, que será realizado entre os dias 26 e 28 de novembro. A organização é da Redepetro-RN em parceria com Sebrae-RN.

O Rio Grande do Norte é o maior produtor de petróleo onshore e o terceiro do país, superado apenas pelo Rio de Janeiro e Espírito Santo, que tem exploração offshore. Mas, do pico de 100 mil barris-dia, o equivalente a 10% da produção nacional, passou a registrar 38 mil barris-dia com a decisão da Petrobras de investir prioritariamente no pré-sal.

“Essa é a consequência nociva do monopólio. Em 2005, começamos a cadastrar fornecedores de bonés para a Petrobras para, em menos de dez anos, chegar a uma sólida oferta de serviços industriais. Com o foco no pré-sal houve uma queda brutal, mas hoje consideramos o desinvestimento como uma oportunidade de retomar uma exploração consolidada e crescente com a iniciativa privada. Esse cenário é altamente positivo para as micros e pequenas empresas”, explica o diretor superintendente do Sebrae do Grande do Norte, José Ferreira de Melo Neto.

Essa expectativa começa a se materializar com as 34 concessões para a Potiguar E&P. Está previsto um investimento de R$ 600 milhões nos próximos cinco anos. Outras duas concessões já estão em adiantado processo de negociação. Com essa entrada da iniciativa privada, a projeção está estimada na extração de 60 mil barris-dia nos próximos 10 anos. Outras duas negociações estão em fase adiantada de negociação. É nesse cenário promissor que acontece a quarta edição da Mossoró Oil & Gás.

O presidente da Redepetro-RN, professor e geólogo Gutemberg Dias, mostra-se otimista com o evento que será sediado em Mossoró. “Estamos trabalhando com um crescimento expressivo do número de participantes. Aumentamos a nossa área de exposição, estamos convidando vários atores dessa cadeia produtiva, o que vai refletir no incremento da Rodada de Negócios. Trabalhamos para transformar a expectativa em uma realidade positiva, com um crescimento sólido e constante.”

Essa determinação está alinhada ao Programa de Revitalização das Atividades de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural em Áreas Terrestres (REATE), do Ministério das Minas e Energia (MME), criado para superar as dificuldades da nova lógica econômica.

“Avançamos nos últimos três anos com esse modelo de gestão do governo. Discutimos os projetos com frequência para que as metas construam a realidade”, ressalta o coordenador de Áreas Terres da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), José Fernandes de Freitas. “Nesse cenário, Mossoró, com um ativo espetacular, é um exemplo perfeito dessa trajetória porque ficou hibernada, como muitos outros polos de produção, e agora vai crescer com a retomada. Nosso desafio é explorar todo o potencial do onshore e consideramos 2020 como o ano da virada, um marco da exploração terrestre.”

Petrorecôncavo também quer produção de gás natural

A Petrorecôncavo, através da subsidiária Potiguar E & P, trabalha com a previsão de iniciar as operações na região de Mossoró em outubro deste ano. Os investimentos de R$ 600 milhões nos próximo cinco anos, conforme anúncio do presidente da empresa, Marcelo Magalhães, deve ir além da exploração dos 34 campos maduros do complexo “Riacho da Forquilha”. A companhia também discute explorar a produção de gás natural na região.

“Temos interesse em construir aqui uma usina termoelétrica com objetivo de gerar energia para todas as operações”, revelou Magalhães, em audiência com a prefeita Rosalba Ciarlini, ocorrida em maio deste ano.

No Brasil, cerca de 160 usinas termelétricas utilizam gás natural como combustível, sendo este a principal fonte do setor.

A expectativa é que a subsidiária também possa gerar empregos indiretos, na contratação de mão obra para exploração dos campos maduros, mas também de equipamentos e terceirização de serviços em Mossoró, aproveitando a expertise da cidade no setor petrolífero. Uma das exigências da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que é a agência reguladora da atividade, é que as empresas possam operar garantindo a sustentabilidade da cadeia produtiva do petróleo, ou seja, destravando investimentos para garantir a manutenção da atividade.

 

Presidente Marcelo Magalhães com a prefeita Rosalba Ciarlini

Inicialmente, a empresa vai explorar os poços com a utilização de três sondas e estimativa de 60 a 70 postos por equipamento. O início das operações deve ocorrer ainda no segundo semestre desse ano. “O benefício maior é aumentar a produção de barris, que gera uma receita para a Prefeitura e para os municípios. Aqui nós vamos investir e garantimos a mão de obra majoritariamente local”, enfatiza o presidente da empresa.

O presidente da Petrorecôncavo também destacou a responsabilidade socioambiental da empresa, que pode empreender na recuperação de biomas em áreas devastadas pela exploração. “Como sabemos, há um declínio na produção da bacia potiguar e alguns poços realmente vão precisar ser fechados. Então, nosso trabalho também vai ser de recuperar essas regiões”, destacou.

Rosalba Ciarlini não esconde o otimismo com a retomada da exploração de petróleo na região de Mossoró. “Esse será um novo momento de reaquecimento da economia, com a criação de postos de trabalho e mão de obra especializada. Uma luta travada há vários anos e que agora podemos ver se concretizar”, disse a prefeita.

“Mossoró hoje pode comemorar o fortalecimento da cadeia produtiva do petróleo, aumentando a arrecadação em nossa cidade e incrementando a nossa capacidade de investimento”, disse Rosalba Ciarlini.

Luta por venda de poços maduros foi iniciada pelo ex-deputado Betinho

O deputado federal Beto Rosado (PP-RN) acredita que chegou a vez de o Rio Grande do Norte retomar a cadeia produtiva do petróleo, com consequências positivas para Mossoró e região. O parlamentar trabalhou em Brasília para que a iniciativa privada pudesse explorar poços que a Petrobras não tinha mais interesse, os chamados poços maduros.

Em 2016, na época presidente da Frente Parlamentar do Petróleo e Gás, Beto Rosado apresentou o projeto de lei 4663/16, que previa a venda de campos maduros aos produtores independentes. Na época, o parlamentar ocupou a tribuna da Câmara para endurecer o discurso pela venda dos campos maduros, que foram deixados de lado pela Petrobras.

A luta pela entrada da iniciativa privada na exploração de petróleo foi iniciada há duas décadas pelo ex-deputado federal Betinho Rosado (PP-RN), pai de Beto. Ele defendeu a abertura da exploração dos poços maduros para a iniciativa privada, na época mal compreendido, chegando a ser acusado de querer privatizar a Petrobras. “Na verdade, o que ele (Betinho) queria era assegurar os empregos que hoje estão sendo perdidos. Pensou na frente”, lembra Beto Rosado, que quando assumiu o mandato na Câmara, sucedendo o pai, manteve a bandeira de luta.

 

Betinho e Beto Rosado sustentaram a bandeira de luta na Câmara dos Deputados

Beto Rosado explica que vender os campos maduros significa liberar somente os poços de baixa produção que a Petrobras está deixando de lado. “Ou seja, a estatal continuará explorando o petróleo em terra com os poços mais produtivos. Isso garante o emprego daqueles que atuam nesses poços, sem prejudicar a abertura de novos empregos a partir da exploração dos campos maduros pela iniciativa privada. Sempre lutamos pelo emprego”, afirma.

“Os poços maduros possuem capacidade de exploração em até 70% do conteúdo, como nos Estados Unidos. A Petrobras deixou de produzir em 30%. Ou seja, ainda tem 40% de matéria-prima a ser extraída. Por isso, a importância da retomada da produção”, explica o deputado.

Além da geração de emprego e renda, o parlamentar destaca que a retomada da produção de petróleo vai recuperar os royalties perdidos por municípios e estados produtores.

Entenda venda e produção de poços maduros

Antes, a Petrobras devolvia para a gestão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apenas os pequenos campos marginais que não representavam mais viabilidade econômica para a companhia.

Desde 2005, entretanto, a ANP passou a fazer concessão da exploração dos campos maduros para produtores independentes, em leilões batizados no mercado de “rodadinhas”.

Na Bahia, os campos de Morro do Barro, Bom Lugar e Araçás Leste são geridos por empresas privadas por conta das “rodadinhas”.

Com o advento do alto potencial de exploração da camada pré-sal no mar, os campos terrestres já explorados durante anos, inclusive os maiores, passaram a não ser mais foco de grande interesse para a Petrobras, que passou a promover a venda direta para a iniciativa privada dos conjuntos de “poços maduros”, como parte da estratégia de desinvestimento e venda de ativos da empresa.

A Petrobras vai continuar operando nos demais campos.


Fonte: DeFato.com

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