'Cachorrão do Brega' viraliza com clássico sertanejo, passa a fazer quase um show por dia e aumenta cachê em 30 vezes neste período — Foto: Divulgação |
Cantor do RN viraliza com
clássico sertanejo, passa a fazer quase um show por dia e aumenta cachê em 30
vezes neste período.
"Doente de amor, procurei remédio
na vida noturna...". Os primeiros versos da música "Boate Azul",
composta por Benedito Seviero e sucesso na voz de grandes cantores sertanejos,
como Bruno e Marrone e Leonardo, voltaram a ocupar a cabeça de muitos
brasileiros no último mês. Dessa vez, numa versão peculiar, mais simplista e
com grande alcance popular. Apenas um teclado e uma guitarra fizeram fundo para
a voz do Cachorrão do Brega, em arranjo que viralizou e virou meme na internet.
O sucesso foi tão grande que
artistas como Wesley Safadão, Tirulipa e até o Padre Fábio de Melo
compartilharam a canção em suas redes sociais. E isso tem mudado a vida do
Cachorrão do Brega. Aliás, de Francisco Márcio de Arruda Cabral, de 36 anos, o
homem por trás do sucesso.
Francisco Márcio nasceu no
município de Janduís, mas mora há muito tempo em Campo Grande, cidade distante
cerca de 270 quilômetros de Natal. De um mês para cá, a vida dele mudou
radicalmente.
De uma média de quatro shows por
mês, ele teve 29 marcados em junho - e já tem cerca de 28 programados para
julho. O cachê também aumentou. "Hoje eu recebo cerca de 30 vezes mais do
que ganhava", contou o Cachorrão do Brega, que antes tocava regularmente
em bares e neste mês vai fazer show com Xand Avião em Caicó. "A previsão é
de que tenham 50 mil pessoas", relata.
O mais curioso é que a versão de
"Boate Azul" que viralizou nem estava nos planos dele. O Cachorrão do
Brega fazia a gravação de um CD ao vivo na cidade de Boa Viagem, no Ceará, e
uma mulher o interrompia constantemente no show pedindo a canção. "Era um
show só com músicas de forró e ela vinha me pedir 'Boate Azul' de instante em
instante. Eu disse que tocaria no final, para não sair na gravação, porque não
tinha a ver com a apresentação. Mas ela pediu tanto que eu cantei. E foi esse
sucesso. Ela foi um anjo que me enviaram", conta.
Nem só de versões vive o
Cachorrão do Brega, que ficou conhecido na sua região por conta de uma música
autoral chamada "Guaxinim" - ele também tem outra canção de nome
"Miau Miau". Esse apreço por bichos tem explicação, segundo ele.
"É uma forma mais fácil e legal de compor", diz.
Sucesso inesperado
O sucesso percorre muito mais que
sua cidade neste momento. Na quarta-feira (3), por exemplo, com a instabilidade
do Whatsapp, a música viralizou novamente nos aparelhos celulares alertando que
"esse é o único áudio que está baixando hoje" na plataforma.
O alcance da música repercutiu
tanto que ele saltou de pouco mais de 5 mil seguidores em sua conta no Instagram
para mais de 60 mil. Muitos desses seguidores surgiram após montagens
divertidas nas redes sociais. Uma delas compartilhada por Wesley Safadão.
"Quando acordei depois da postagem dele, tinha subido de 20 mil para 50
mil seguidores", diz.
A clássica Boate Azul, gravada
por cantores como Reginaldo Rossi, Bruno e Marrone, Leonardo, Eduardo Costa,
Milionário e José Rico e Gustavo Lima tem no momento a sua versão de mais
sucesso na voz do Cachorrão do Brega, que tem entre suas referências o cantor
Amado Batista.
"Eu achei que a canção ficou
com um bom arranjo, mas me surpreendi demais com a repercussão", completa.
"Ninguém esperava que eu chegasse a um sucesso nacional. Nem eu esperava
chegar onde cheguei", diz.
De Márcio Show a Cachorrão
Cachorrão do Brega vive da música
há mais de 20 anos, tempo em que ainda era chamado de Márcio Show. "Eu fui
fazer um show em Belém Brejo do Cruz, na Paraíba, e o cara que me contratou
queria que eu tocasse apenas forró. Aí eu meti um brega no meio, ele veio
falar. Deu um tempo mais pra frente, eu toquei outro brega e ele veio me dizer
que eu era o cachorro do brega. Eu disse que cachorro não, mas 'Cachorrão do
Brega' sim. Aí o apelido pegou", contou.
Mas viver bem, sem tanta
dificuldade, de música é algo bem mais recente. Apesar de trabalhar apenas como
músico durante todo esse tempo de carreira, o dinheiro era pouco. "Eu
ganhava R$ 30 para fazer um show na esquina, depois passei a ganhar R$ 120 e
outra vezes conseguia tirar R$ 300 num show", lembrou.
E nem sempre o pagamento era
dinheiro. "Já fiz música por um bujão de gás. Pegava uma feira no mercado
e depois fazia um show para o dono", lembrou.
Para que o sucesso a nível
nacional chegasse, foram 18 CDs ao vivo gravados pelo Cachorrão do Brega.
"Não fiz nenhum em estúdio, não", comenta. A formação sempre com ele
nos teclados e, em alguns discos, outro músico nas guitarras.
Nesses anos de carreira,
Francisco Márcio, o Cachorrão do Brega, conta ter sido alvo de humilhação de
pessoas da sua cidade, Campo Grande, por tentar a carreira de cantor.
"Muita gente 'mangava' (tirava sarro) de mim. Hoje o carinho do pessoal
aqui é grande. E até aqueles que me humilhavam hoje me abraçam", diz.
Fonte Leonardo Erys, G1 RN
Via: Site CG na Mídia
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