Marina Silva (Rede) participou de sabatina promovida pelo jornal 'O Estado de S. Paulo' (Foto: Eduardo Carmim/Agência O Dia/Estadão Conteúdo) |
Candidata da Rede à Presidência
da República participou de sabatina promovida pelo jornal 'O Estado de S.
Paulo'. Ela disse que armar a população é transferir uma responsabilidade do
Estado.
A candidata da Rede à Presidência
da República, Marina Silva, disse nesta terça-feira (28) que não se resolve o
problema da violência “distribuindo armas para a população”. Para ela, essa
medida equivaleria a entregar o cidadão indefeso à própria sorte.
Marina debateu propostas de
governo em sabatina promovida pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, realizada em
parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo.
O evento teve um bloco único de
duas horas de duração em que a candidata respondeu a questionamentos dos
entrevistadores e da plateia.
“Não se vai resolver o problema
da violência distribuindo armas para a população. Aqueles discursos que parecem
os mais arrojados, aqueles discursos que parecem os mais fortes, entre aspas,
são os mais frágeis”, afirmou Marina.
O tema do armamento é uma das
plataformas de campanha de um dos rivais de Marina ao Palácio do Planalto, o
candidato Jair Bolsonaro (PSL).
Para Marina, a medida seria
transferir a segurança pública, que na opinião dela cabe ao Estado, para o
cidadão.
“Você dizer que quer ser
presidente da República para entregar a população à própria sorte? Dizendo que,
se ela quiser resolver o problema da violência, que compre uma arma e se
defenda? Para que então que se quer ser presidente da República? O Estado tem o
monopólio da força e não se pode transferir para cidadão indefeso a
possibilidade de se defender, defender a sua família, defender a sua empresa.
Isso é justiça com as próprias mãos”, disse Marina.
Placas solares
Marina voltou a apresentar a
proposta de construir 1,5 milhão de casas com placas solares. Ela explicou que
os recursos para a medida viriam da verba hoje gasta em termoelétricas.
"Vamos ampliar a energia
solar com 1,5 milhão de tetos solares, com placas solares. Nós temos
investimentos que são feitos, por exemplo, em termoelétrica, a carvão, a diesel
e a gás. Uma boa parte desses recursos pode ser deslocada para investimento
numa matriz energética limpa, segura. É uma questão de prioridade de escolha”,
afirmou.
Marina foi questionada sobre como
avalia a atuação de ONGs na Amazônia. De acordo com ela, as entidades acabam
por cumprir o papel do Estado, que não chega à região.
"Conheço uma Amazônia que,
em muitos lugares, tem zero Estado, zero médico, zero delegado, zero Ministério
Público. Eu venho dessa Amazônia profunda. Em pleno século 21, você encontra
uma Amazônia que não tem a presença do Estado em nada. Vejo muita gente
preocupada com essa história das ONGs. Quero um país onde estado não seja
substituído nem por ONGs nem por empresas, mas que ele possa trabalhar com
eles".
Governabilidade
Marina Silva disse que, se
eleita, considera que não terá dificuldades para governar, apesar de ter uma
coligação pequena, formada por Rede e PV. Ela avalia que conseguirá apoio
suficiente do Congresso Nacional para aprovar matérias de interesse do governo.
"Que a maioria no Congresso
se faça com base no programa. É assim que as democracias evoluídas fazem",
disse. E acrescentou: “Meu problema não é governar, é ganhar [a eleição]”.
A candidata criticou o
presidencialismo de coalizão, em que o governo troca apoio da base por cargos
políticos.
Ela propôs que a política no país
seja regida por um “presidencialismo de proposição”, com a formação de alianças
em que a referência passam a ser o programa e as propostas. “Fazer alianças
pontuais, isso é maturidade democrática”, ponderou.
Para Marina, há pessoas
capacitadas em todas as legendas. Ela disse que pretende dar espaço em seu
governo a quadros de outros partidos. "Eu vou governar com os melhores de
todos os partidos", afirmou.
Reforma política
Marina reiterou ser a favor do
fim da reeleição para presidente da República e da ampliação do mandato
presidencial de quatro para cinco anos de duração, a partir de 2022.
No caso do mandato de
parlamentares, a candidata sugeriu que eles tenham a possibilidade de apenas
uma reeleição. “Isso não é emprego, é serviço”, disse.
Ela também se disse favorável à
criminalização do caixa 2 (dinheiro de campanha eleitoral não contabilizado
oficialmente). Atualmente, a prática não é tipificada como crime, sendo
enquadrada apenas na legislação eleitoral, com penas mais brandas. “Esses
crimes devem ser punidos com rigor”, afirmou Marina.
Reforma trabalhista
Como tem feito em falas recentes,
Marina voltou a afirmar a necessidade da reforma trabalhista. Mas reiterou que,
se eleita, mudará pontos da lei atual, como o trabalho intermitente.
"Em relação à reforma
trabalhista, vamos rever os pontos inaceitáveis da reforma. Ouço muita gente
dizendo que é modernizar as relações de trabalho. Mas na reforma trabalhista
tem pontos que são pré-modernos, como uma mulher [grávida] trabalhar em
condições insalubres, uma pessoa ter apenas meia hora para se alimentar,
trabalho intermitente, em que pode ficar meses sem ser chamado mas conta como
se tivesse empregado", argumentou a candidata.
G1
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