O Fórum de Segurança Pública do Rio Grande do
Norte – entidade que reúne instituições de segurança pública do estado – quer
‘bom senso’ do governador Robinson Faria para que ele tome medidas efetivas
contra a criminalidade. Neste fim de semana, o RN chegou a marca de 1.500
homicídios registrados em menos de 8 meses – um crescimento de 25,2% em comparação
ao mesmo período do ano passado.
Os números são do Observatório da
Violência Letal Intencional (OBVIO) – instituto que contabiliza e analisa os
crimes contra a vida. O G1 procurou a Secretaria de Segurança Pública e da
Defesa Social (Sesed) para comentar os dados e a ainda aguarda um
posicionamento do governo.
“A nós, que arriscamos
constantemente nossas vidas, resta acreditar no bom senso do governador do Rio
Grande do Norte em receber o Fórum de Segurança Pública do RN para que possamos
entregá-lo medidas efetivas para melhoria da segurança pública. Ratificamos o
compromisso com a sociedade potiguar, na ocasião em que pedimos o seu apoio ao
binômio segurança pública/valorização profissional”, destaca a carta (leia a
íntegra no final da matéria).
Ainda de acordo com o Fórum, as
1.500 mortes ocorridas até o momento este ano, além de deixarem perplexa a
sociedade, também frustram os operadores da segurança pública. “As feridas
expostas da segurança pública do RN já nos é velha conhecida. A falta de gestão,
a tomada de decisão desconexa com as demandas sociais, a ausência de convite da
base para efetivamente participar da formulação de políticas efetivas de
combate à criminalidade, a falta de estrutura, um judiciário insulado e em
castas com uma poupança robusta capitalizando o dinheiro da população, um
Ministério Público ocupado com pagamento de super salários aos seus integrantes
e um governo reativo, formaram a mistura perfeita para eclosão do caos”,
acrescenta.
Por fim, os representantes do
fórum dizem que “é hora de dar um basta” e que “é preciso ter compromisso em
ouvir e atender a quem realmente, à preço de sangue, tem tentado ser a última
barreira de proteção entre cidadãos e os criminosos”.
1.500 homicídios
“A violência e a insegurança são
promovidas pelo próprio governo do Rio Grande do Norte, quando, para se
esquivar de sua responsabilidade, insiste em criar bodes expiatórios para seus
próprios erros. A prova disso é que chegamos a 1.500 CVLIs (Condutas Violentas
Letais Intencionais) nesses 222 dias de 2017”, critica o especialista em gestão
e políticas de segurança pública Ivenio Hermes, que também é coordenador do
Observatório da Violência Letal Intencional (OBVIO) – instituto que contabiliza
e analisa os crimes contra a vida.
Homicídios por cidades
Em Natal, foram 392 assassinatos
entre 1º de janeiro e o dia 11 de agosto. Na lista das cidades mais violentas
do no estado, também preocupam:
Mossoró, com 150 homicídios
contabilizados;
Ceará-Mirim, com 105;
Parnamirim, com 93;
São Gonçalo do Amarante, com 67;
Macaíba, com 59.
NOTA PÚBLICA À SOCIEDADE POTIGUAR
Nós, representantes legítimos da
maioria dos operadores de segurança pública no Rio Grande do Norte, viemos
através desta nota pública fazer ecoar mais uma vez a voz dos profissionais que
hoje atuam diuturnamente nas ruas em prol da sociedade potiguar, na qual
obviamente estamos inseridos como cidadãos, mas sem nunca deixar de representar
o Estado frente as mais diversas crises na segurança pública potiguar.
Os profissionais de segurança
pública tentam assegurar a ordem, a paz e a proteção social frente a omissão
histórica dos que desprezaram questões sociais importantes e desconsideraram o
conceito macro que envolve segurança pública, que de nenhuma maneira se resume
somente a força policial que nos é consignada pela sociedade.
As 1.500 (mil e quinhentas) mortes
em 2017, que deixam perplexa a sociedade potiguar, apesar de também nos deixar
frustrados, não nos surpreende. As feridas expostas da segurança pública do RN
já nos é velha conhecida. A falta de gestão, a tomada de decisão desconexa com
as demandas sociais, a ausência de convite da base para efetivamente participar
da formulação de políticas efetivas de combate à criminalidade, a falta de
estrutura, um judiciário insulado e em castas com uma poupança robusta
capitalizando o dinheiro da população, um Ministério Público ocupado com
pagamento de super salários aos seus integrantes e um governo reativo, formaram
a mistura perfeita para eclosão do caos.
É hora de dar basta ao ciclo de
crises que tanto favorecem aos que querem subjugar a sociedade norte-rio-grandense,
mas com a certeza que não existe soluções fáceis quando se trata de segurança
pública. Para tanto, é preciso ter compromisso em ouvir e atender a quem
realmente à preço de sangue, tem tentado herculeamente ser a última barreira de
proteção entre cidadãos e aqueles que querem ditatorialmente impor regras
através do crime, paralisando os mais diversos setores da acuada e sofrida
sociedade potiguar.
A nós que arriscamos
constantemente nossas vidas a despeito de todo o descaso dos sucessivos governos
conosco e com a segurança pública, nos resta acreditar no bom senso do
governador do Rio Grande do Norte em receber o Fórum de Segurança Pública do
RN, para que possamos entregá-lo medidas efetivas para melhoria da segurança
pública. Ratificamos o compromisso com a sociedade potiguar, na ocasião em que
pedimos o seu apoio ao binômio segurança pública-valorização profissional.
O Fórum
O Fórum de Segurança Pública do
Rio Grande do Norte foi criado em 2015 com a missão de promover debates, traçar
estratégias, ações e propostas para o aparelhamento e desenvolvimento do setor.
É composto pelo Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal do
RN (Sinpef-RN), Associação dos Bombeiros Militares do RN (ABM-RN), Associação
dos Cabos e Soldados da PM do RN (ACS-PMRN), Associação dos Guardas de Trânsito
do RN (AGT), Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais Militares e
Bombeiros Militares do RN (ASSPMBM-RN), Sindicato dos Agentes Penitenciários do
RN (Sindasp-RN), Sindicato dos Guardas Municipais do RN (Sindguardas-RN),
Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública do RN
(Sinpol-RN) e Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do RN (Sinprf-RN).
G1/RN
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