Suor. Spinning é um tipo de
exercício físico considerado intenso, ajudando, portanto, a melhorar taxas de
glicose e de colesterol, por exemplo - Reginaldo Pimenta/23.10.2016
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RIO - As pessoas que reservam apenas o fim de
semana para fazer atividades físicas podem comemorar. Um novo e amplo estudo
comprova que quem se exercita apenas uma ou duas vezes a cada sete dias alcança
quase tantos benefícios quanto quem faz o mesmo volume de esforço, mas ao longo
de várias sessões na semana. Se comparados aos totalmente sedentários, esses
dois perfis de indivíduos conseguem praticamente a mesma taxa de redução de
risco de morte, indica a pesquisa publicada no “JAMA Internal Medicine”,
periódico da Associação Médica Americana. O recado é claro: movimentar o corpo,
ainda que uma vez na semana, já reduz significativamente os problemas de saúde.
— Milhões de pessoas gostam de
fazer esporte uma ou duas vezes por semana, mas elas podem estar preocupadas de
não estarem fazendo o suficiente — comentou Gary O’Donovan, pesquisador de
atividade física da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, e autor do
estudo. — Mas agora encontramos um benefício claro. O exercício somente uma ou
duas vezes na semana é capaz de deixar as pessoas saudáveis.
O estudo analisou dados de mais
de 60 mil adultos de meia idade entre 1994 e 2012. Neste período, quase 9 mil
deles morreram, por diferentes razões. Ao longo da pesquisa, os participantes
seguiram a recomendação mínima dos órgãos internacionais de saúde: 150 minutos
semanais de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade intensa. Eles
variaram apenas a frequência com que realizavam os exercícios.
Os pesquisadores chegaram à
conclusão de que, enquanto aqueles que se exercitaram várias vezes ao longo da
semana tiveram uma redução de 35% no risco de morte, os participantes que
fizeram apenas uma ou duas sessões alcançaram redução de 30%. O índice é sempre
estimado em relação ao risco apresentado por quem é completamente sedentário.
A probabilidade de morrer
especificamente por doença cardiovascular foi ainda mais parecida: um risco 41%
menor para quem se exercitou mais vezes, e 40% menor para os “guerreiros de fim
de semana”, como define o estudo. Já a redução no risco de morte por câncer foi
de 21% para quem fez atividades com frequência, e 18% para adeptos de
exercícios intensos uma ou duas vezes por semana.
Mas o estudo também mostra que as
pessoas que conseguiram aumentar a duração e a intensidade de suas atividades
afastam ainda mais o risco de morte. Portanto, não se pode achar que 150
minutos de atividade moderada ou 75 minutos de intensa são o ideal, adverte um
dos maiores especialistas do Brasil em medicina do exercício, o professor e
cardiologista Claudio Gil Araújo, da UFRJ.
— Isto é o mínimo recomendado, e
o que este novo estudo traz é a confirmação de que, mesmo que essa carga de
atividade seja realizada em apenas um dia, os benefícios já são relevantes. No
entanto, a quantidade ótima de exercício para um adulto de cerca de 40 anos é
de duas a três vezes essa dose mínima, o que daria pelo menos duas horas e meia
de atividade intensa ou cinco horas de atividade moderada por semana — explica
o especialista.
Alguns médicos defendem que
praticar atividades físicas somente aos fins de semana pode provocar um
estresse oxidativo das células, trazendo prejuízos para o organismo, mas,
segundo Claudio Gil, a teoria nunca foi comprovada. Nem cientificamente, nem na
prática clínica.
— O que temos visto é que qualquer
exercício, mesmo que longe do ideal, é melhor do que nada. A pior opção que uma
pessoa pode fazer para a vida é ser sedentária — pondera ele.
O médico ressalta que a
intensidade do exercício é mais importante do que a frequência. Então, é
preferível levar menos tempo na atividade, mas fazê-la de modo intenso — como
um spinning ou uma corrida rápida —, do que realizar uma atividade demorada,
mas leve. Isto já foi analisado ao longo de um estudo publicado ano passado na
revista “PLoS One”, mostrando que um minuto de exercício vigoroso pode ter o
mesmo efeito de até 45 minutos de atividades moderadas.
—Exercícios intensos proporcionam benefícios específicos para a glicose e o colesterol. Se
compararmos duas pessoas que perdem a mesma quantidade de calorias por semana,
mas fazem exercícios de intensidade diferente, aquela que se exercita de forma
mais intensa sem dúvidas estará com o organismo mais equilibrado — exemplifica
Claudio Gil. — Mas temos que lembrar que, na realidade brasileira, com o calor
que está fazendo neste verão, por exemplo, praticar atividades apenas no final
de semana sob o Sol do meio-dia não é a melhor opção.
Para aqueles que incluíram a
prática de exercícios físicos nas resoluções de ano novo, o autor da nova
pesquisa recomenda começar com atividades moderadas, como uma caminhada rápida,
para, a partir daí, estabelecer metas cada vez mais exigentes. Ele ressalta que
é preciso ser realista para não correr risco de lesões.
— Uma pessoa de meia idade ou
idosa deve fazer até 12 semanas de exercício moderado antes de introduzir
qualquer exercício vigoroso — aconselha O’Donovan.
O Globo
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