Justo dizer que não foi uma
caminhada empolgante. Mas também é justo observar que o Botafogo cumpriu com
sobras a missão de voltar à primeira divisão: o fez com três rodadas de
antecipação - com 68 pontos em 35 jogos, não pode ser ultrapassado por nenhum
time fora do G-4.. Na pequena Lucas do Rio Verde, no interior de Mato Grosso, a
vitória sobre o Luverdense assegurou o acesso numa espécie de síntese da
trajetória do time na segunda divisão: atuação suficiente para construir o
resultado, momentos esparsos de boa qualidade técnica e poucas ameaças do
adversário. Foi assim durante quase toda a Série B, foi assim no 1 a 0 sobre o
Luverdense. O Botafogo está na elite do Brasileiro. Tudo em seu lugar.
TABELA: Confira os jogos e
classificação da Série B
O trabalho, agora, é pensar em
2016. Se é verdade que a campanha não produziu momentos encantadores, capazes
de dar ao torcedor a segurança de que está diante de um elenco pronto para uma
caminhada tranquila na elite, parece certo também que fazer uma completa
revolução e jogar fora este 2015 não soa como a fórmula mais recomendável. Há
jogadores a pinçar da campanha na Série B.
Daniel Carvalho, por exemplo, se
tiver ao seu redor um time dinâmico, competitivo, pode contribuir com lances de
qualidade técnica. Ronaldo se apresenta como um atacante que merece ser melhor
observado. Neílton, de manutenção aparentemente muito difícil, é claramente um
jogador de futuro. Assim como Willian Arão se mostrou eficiente durante a
temporada. Sem falar, claro, em Jefferson. Eis uma espinha dorsal.
Seja com um elenco todo novo,
seja com a base que leva o alvinegro de volta à primeira divisão, resistir à
tentação e dimensionar sua real capacidade econômica se apresenta como o maior
desafio a vencer. É notório que o Botafogo não tem as receitas de grande parte
dos principais clubes do país. Se 2016 ainda não for o momento de competir com
eles, no topo, que se estabeleça claramente como meta fazer uma travessia sem
sobressaltos pela Série A e prosseguir na recuperação do clube. Sem sustos, mas
também sem loucuras, sem passos maiores do que as pernas.
A tal espinha dorsal não esteve
toda presente em Lucas do Rio Verde. Sem Jefferson, o Botafogo fez um jogo à
imagem de sua campanha na segunda divisão. Não teve um domínio avassalador, mas
resolveu seus problemas por ter jogadores melhores. E por ter, de longe, a
camisa mais pesada da competição. Após um primeiro tempo de mais chances para o
modesto Luverdense, foi o Botafogo quem foi para o intervalo vencendo: após o
passe de Daniel Carvalho, uma indecisão entre zagueiro e goleiro permitiu a
Ronaldo tocar para o gol.
Verdade que enfrentou o gramado
ruim e um calor que fez o árbitro Rafael Claus autorizar duas paradas técnicas:
uma no primeiro tempo, poucos minutos antes das 22h; outra na segunda etapa,
quando já passávamos das 23h. Estes ingredientes ajudam a entender, mas não
explicam o jogo aberto, de pouca recomposição defensiva dos dois times. Havia
espaços de sobra no meio-campo. E o Luverdense assustou Helton Leite algumas
vezes. Alípio perdeu duas ótimas chances após jogadas de linha de fundo. A
segunda delas, finalizou com uma bicicleta no travessão. Nos acréscimos, Tozin
cabeceou rente à trave esquerda.
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No segundo tempo, com Diego
Jardel no lugar do lesionado Daniel Carvalho, o Botafogo foi conservador,
controlou o adversário sem grandes dificuldades, mas ofensivamente viveu de
contra-ataques esparsos, raros. Uma falta cobrada por Muralha e defendida por
Hélton Leite talvez tenha sido o momento de mais perigo.
O jogo ainda ofereceu a chance de
um desfecho em alto astral para a noite do acesso. Aos 48, Neílton sofreu
pênalti. Mas cobrou para fora. Talvez para lembrar que há trabalho pela frente
na volta à elite.
BOTAFOGO: Helton Leite, Luis
Ricardo, Renan Fonseca, Roger Carvalho e Carleto (Diego Giaretta, aos 45'/2°T);
Rodrigo Lindoso, Willian Arão, Camacho (Fernandes, aos 24'/2°T) e Daniel
Carvalho (Diego Jardel, aos 11'/2°T); Neilton e Ronaldo. Técnico: Ricardo Gomes.
Fonte: O Globo
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