![]() |
Vice-prefeito trabalha com pedreiro e mexe com a parte
hidráulica em obras
(Foto: Arquivo Pessoal)
|
Em tempos de Lava Jato, ainda existem políticos que não
abrem mão da profissão para complementar a renda. No Piauí, o vice-prefeito da
cidade de São Braz trabalha como pedreiro para ajudar nas despesas de casa.
Eugênio Valdo de Almeida, 46 anos, diz que nunca pensou em deixar o ofício que
aprendeu ainda jovem.
O salário bruto de vice-prefeito é de R$ 4 mil e Eugênio
conta que como pedreiro consegue acrescentar à sua renda mensal uma média de R$
4,5 mil.
Perguntado sobre o que as pessoas da região acham de um
vice-prefeito trabalhar como pedreiro, Eugênio afirma que já houve quem
dissesse que ele não deveria continuar nesse tipo de serviço. Segundo o
político, algumas pessoas encaram a conciliação entre as duas atividades como
algo estranho.
"Uma vez eu estava construindo um túmulo no cemitério
de São Raimundo Nonato e uma pessoa chegou. Ao ficar sabendo que eu era um
vice-prefeito, ficou admirada. Aí disse que não podia um vice estar trabalhando
debaixo do sol quente fazendo túmulo", contou.
![]() |
Político concilia as duas atividades desde que foi
eleito vice-prefeito (Foto: Arquivo Pessoal)
|
Bastante requisitado na pequena cidade e com 15 anos de
profissão, Eugênio se divide entre o trabalhado braçal de pedreiro e a função
pública desde 2008, quando foi eleito pela primeira vez vice-prefeito, sendo
reeleito ao mesmo cargo em 2012.
O vice conta que não mistura a profissão de pedreiro com as
disputas eleitorais no município e diz que é contratado tanto por pessoas que
votam em seu grupo político quanto pelos eleitores dos adversários. Conforme
Eugênio Almeida, sua qualidade como pedreiro é que fala mais alto na hora de
ser contratado para os serviços.
"Aqui eu tento não colocar política na minha profissão.
Todos me contratam levando em conta a minha qualidade. Além disso eu sou um
vice-prefeito, mas tenho um respeito por todos os grupos políticos do
município", falou.
Amor pela profissão
"Eu gosto de ser pedreiro. É algo que eu entendo e sei
fazer bem e por isso nunca pensei em deixar de trabalhar na minha profissão.
Aqui eu faço de tudo, se precisar trabalhar para levantar um prédio eu
trabalho. Preciso complementar a renda, porque não dá para viver só com o
salário de vice-prefeito de uma cidade pequena", contou.
Eugênio diz que no primeiro mandato costumava frequentar a
prefeitura do município diariamente, mas percebeu que a demanda do cargo era
pequena e por isso resolveu continuar firme como pedreiro. Ele afirma que nas
cidades pequenas, o cargo de vice-prefeito é muito ocioso e os prefeitos
geralmente não dão oportunidades para os vices se destacarem.
"Na primeira gestão todo dia eu estava na prefeitura,
mas só que infelizmente quase ninguém procura o vice. Você tem pouca
oportunidade de desempenhar alguma atividade. Na verdade, o trabalho de vice
quase não existe em cidade pequena, principalmente porque o prefeito não lhe dá
oportunidade", explicou.
O pedreiro afirma que 22 pessoas trabalham com ele nos
serviços para os quais é contratado e esse também é um dos motivos que não o
faz deixar de jeito nenhum a atividade. "Tenho as pessoas que sempre trabalham
comigo nos meus serviços e de certa forma dependem de mim. Então eu não deixo
de trabalhar como pedreiro também por causa deles", disse.
Eugênio diz que sua demanda como pedreiro é grande e que já
chegou a estar com cinco obras em andamento de forma simultânea. O pedreiro
encerra dizendo que não deixará de trabalhar na sua profissão mesmo que um dia
consiga chegar à prefeitura de São Braz do Piauí.
"O atual prefeito já está no segundo mandato e não
poderá mais se candidatar. Meu nome é colocado aqui pelos aliados do grupo para
concorrer nas próximas eleições. Mesmo que um dia eu venha a ser prefeito não
pretendo deixar de trabalhar", encerrou.
Do G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário