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Megaobra de 55 quilômetros de extensão inclui trechos de estradas, três pontes, ilhas artificiais e túnel subaquático — Foto: AP Photo/Kin Cheung |
A maior ponte marítima do mundo, que liga as
cidades de Hong Kong e Macau a Zhuhai, na China continental, será inaugurada
nesta terça-feira (23) com dois anos de atraso e envolta em escândalos
relacionados aos altos custos e fins políticos do projeto.
A megaobra de 55 quilômetros de
extensão, que compreende trechos de estrada, três pontes, ilhas artificiais e
um túnel subaquático, faz parte de um ambicioso projeto para integrar
economicamente 11 cidades no delta do Rio das Pérolas, incluindo as regiões administrativas
especiais de Hong Kong e Macau.
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Uma das ilhas artificiais construídas para acesso ao túnel subaquático de 6,7 quilômetros de extensão — Foto: Anthony Wallace/AFP |
Em construção desde 2009 e
planejada para ser inaugurada em 2016, a ponte será aberta ao público nesta
quarta-feira, no dia seguinte a uma cerimônia com a presença do presidente Xi
Xinping e outras autoridades.
As três pontes da estrutura são
capazes de suportar ventos de até 340 quilômetros por hora. Um túnel de 6,7
quilômetros de extensão, conectado às pontes por duas ilhas artificiais, foi
construído para que não houvesse interferência nas rotas do comércio marítimo.
Apesar de ser um feito inédito de
engenharia que levou quase uma década para ser concluído, a ponte é vista com
indiferença por muitos em Hong Kong, não apenas em razão dos atrasos e do
superfaturamento da obra, mas por ser um símbolo de integração à China
continental numa cidade onde muitos preferem a autonomia.
Após 150 anos como colônia
britânica, Hong Kong se vê como politica e culturalmente distante da China
continental. Com o retorno da soberania chinesa sobre a região, muitos avaliam
que, na última década, houve uma redução das liberdades legais e políticas.
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Barreira colocada antes da abertura da ponte na travessia de fronteira no lado de Hong Kong — Foto: Anthony Wallace/AFP |
Opositores afirmam que a ponte é
um entre vários megaprojetos iniciados pelo governo de Hong Kong para
reaproximar a região autônoma e a China, que incluiriam trens de alta
velocidade entre Ghangzhou e Shenzhen, na parte continental, e um
museu-satélite do Museu do Palácio de Pequim, onde estão expostos artefatos da
China imperial.
Os custos da construção, que
chegaram a 6,4 bilhões de euros, também são alvos de críticas. Hong Kong terá
de arcar com o equivalente a cerca de 1 bilhão de euros pela ponte principal,
além de outros bilhões referentes aos custos das estradas de ligação e
instalações de fronteira.
O Departamento de Transportes de
Habitação de Hong Kong afirmou que os altos custos se justificam em razão de
problemas imprevisíveis provenientes de "condições complicadas para a
construção em alto mar, dificuldades de construção, aumento no custo dos
materiais e mão de obra, além dos refinados esquemas de construção e
design".
Muitos, porém, entendem que é um
custo alto demais para uma ponte que não será totalmente aberta ao público.
Para atravessá-la será exigida uma habilitação especial, de acordo com a seção
a ser utilizada, e muitos terão de utilizar serviços de ônibus para ir a Macau
ou à China continental.
Desde o início do megaprojeto,
nove trabalhadores morreram e mais de 200 ficaram feridos. Seis empresas
contratadas foram multadas por colocar os trabalhadores em risco.
G1
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