Brasília - A prefeitura de
Linhares (ES) interditou as praias de Regência e Povoação após a chegada ao mar
da lama do rompimento de barragem em Mariana (MG). A prefeitura espalhou placas
ao longo das praias informando que a água está imprópria para o banho. A lama
com rejeitos de minério vinda pelo Rio Doce atingiu o mar no domingo, segundo
informações da prefeitura. De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, a lama deve se espalhar por uma extensão de 9 quilômetros no
mar. A população de Regência e Povoação
vive da pesca e do turismo e tem as atividades prejudicadas com a água barrenta
que avança sob o mar.
Na sexta-feira (20) o titular da
3ª Vara Civil de Linhares, juiz Thiago Albani, determinou que a Samarco
retirasse as boias de contenção instaladas e abrisse a foz do Rio Doce para que
a lama de rejeitos se dissipe no mar. Para a decisão, foram ouvidos técnicos
ambientais do município e de órgãos como o Instituto Estadual de Meio Ambiente
e Recursos Hídricos (Iema). A ação foi ajuizada pela procuradoria da prefeitura
de Linhares. Conforme técnicos do Iema, reter a chegada da lama ao mar traria
mais prejuízos como o risco de inundações e decantação do sedimento em lagoas
da região.
A decisão de abrir a foz do Rio
Doce contraria a determinação da Justiça Federal do Espírito Santo, que exigia
da mineradora a tomada de medidas para impedir a chegada da lama ao mar.
A Samarco divulgou nota
informando que toma as providências definidas pelo Ministério Público, Iema,
Instituto Chico Mendes e Tamar, de modo a direcionar a lama para o mar e
proteger a fauna e flora na foz do Rio Doce.
De acordo com a nota, a empresa
fornece equipamentos para abertura do banco de areia que impede a chegada do
rio ao mar no lado sul da foz. "Quatro máquinas trabalham 24 horas por dia
nas escavações, com apoio de uma draga e bombas que ajudam no bombeamento da
lama”.
O documento informou também que a
barreira de contenção continua sendo instalada nas margens do rio com o
objetivo de proteger a fauna e flora, sem impedir o escoamento da lama para
mar.
“Os nove mil metros de barreiras
continuam sendo instalados em sentido longitudinal nas duas margens do rio e
algumas ilhas localizadas no estuário. Cabe ressaltar que o objetivo das
barreiras é isolar a fauna e a flora que vivem nesse entorno, sem que impeça a
chegada da pluma ao mar”, acrescentou a nota.
Ontem à tarde, a ministra
Izabella Teixeira sobrevoou a área atingida pela lama na foz do Rio Doce e
caminhou em um trecho de mangue afetado pelo desastre. Depois iriam se reunir
com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung e representantes de instituições
da sociedade civil e demais instituições envolvidas.
Berçários de caranguejos são
atingidos pela poluição
As boias de contenção instaladas
às margens do rio Doce para proteger a vegetação na foz [ponto de desaguamento
no mar], no vilarejo de Regência, próximo à cidade de Linhares (ES), não
conseguiram conter completamente a lama de rejeitos do desastre de Mariana
(MG). Essa região, onde o rio se encontra com o mar, é berçário de uma espécie
de caranguejo chamado de Guaiamu. A onda de rejeitos atingiu a vegetação e os
locais onde vivem os caranguejos. As boias, instaladas pela Samarco, são
tradicionalmente usadas na contenção de vazamentos de óleo, por isso, não se
tinha certeza da efetividade da estratégia. Segundo a empresa, foram instalados
nove quilômetros de barreiras de contenção para proteger as áreas mais
sensíveis do estuário (ambiente de transição entre o rio e o mar) localizado em
Regência, distrito de Linhares.
“Segundo análises realizadas
nesta manhã, a eficiência das barreiras instaladas nas áreas protegidas chegou
a ser de até 80%, se compararmos a turbidez da água de dentro do estuário ao
canal principal do rio”, diz a empresa.
A empresa acrescentou que as
consequências que não puderem ser mitigadas com essas ações estarão cobertas
pelo Termo de Compromisso Socioambiental (TCSA) preliminar, assinado com o
Ministério Público do Espírito Santo, o Ministério Público Federal e o
Ministério Público do Trabalho. Esse termo de compromisso “prevê medidas que
visam garantir o abastecimento de água em áreas atingidas, a apresentação do
Plano Emergencial de Contenção, Prevenção e Mitigação dos Impactos Ambientais e
Sociais, além da disponibilização de canais de comunicação com as comunidades
dos municípios de Baixo Guandu, Colatina, Linhares e Marilândia”.
A Samarco diz ainda que contratou
uma empresa especialista “em desastres dessa magnitude, que se dedicará à
elaboração dos planos, gestão e supervisão das ações que serão implementadas em
todas as áreas impactadas ao longo do Rio Doce”.
Fonte: Tribuna do Norte
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