Numa época em que a evolução do
voleibol exige o surgimento de atletas cada vez de maior estatura, a comissão
permanente da Seleção Brasileira está garimpando jogadoras com esse perfil por
todo o país e acabou de pré-selecionar uma atleta potiguar para realizar um
período de testes a partir do dia 28 de novembro em Saquarema, onde fica
situado o CT oficial da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
Yasmin Quirino, 14 anos e 1,84
metros, se prepara para seguir o caminho que a irmã Lucy Matias, 16 anos, já
fez e não nega a ansiedade. Ela sonha com a possibilidade de seguir a carreira
e espera conseguir aproveitar essa grande oportunidade.
Atleta da AABB Natal, treinada
pelo casal Ricardo Freitas e Francileide Custódio (Pequena), conseguiu se
destacar na disputa dos Jogos Escolares Brasileiros e junto com mais um grupo
de catorze jogadoras foi escolhida para iniciar um trabalho de preparação
especial, com objetivo de suprir algumas carências da equipe feminina do Brasil
num futuro próximo.
Ricardo explica que apesar de
estar no topo do ranking mundial, as equipes de voleibol do Brasil têm sofrido
bastante para acompanhar a nova ordem do esporte, que privilegia ponteiros e
centrais cada vez mais altos e, por isso, esse trabalho de garimpagem se torna
tão importante.
No masculino o problema existe,
porém em menor escala, uma vez que na renovação do grupo que vem sendo
realizada pelo técnico Bernardinho já se pode notar atletas com estatura até de
2,17 metros. Mas na modalidade feminina, esse trabalho ocorre de forma mais
minuciosa, uma vez que pelo próprio padrão físico da mulher brasileira, não é
comum se encontrar atletas acima de 2 metros.
“Para se manter no topo do
ranking mundial as seleções precisam trabalhar a renovação com bastante
antecedência. Essas meninas que vão para o período de treinos em Saquarema
serão avaliadas, diagnosticadas em seus pontos fortes e fracos e aquilo que
precisa ser desenvolvido para que elas possam jogar em alto nível. Tudo isso
depois é repassado para os treinadores das respectivas equipes delas, que
servem como coordenadores do programa da CBV e elas passam a ter o quadro
evolutivo acompanhado pela comissão técnica da seleção”, afirmou Ricardo.
Esse trabalho de acompanhamento
não é mistério para os treinadores da AABB Natal, uma vez que Yasmin é a
terceira atleta que eles conseguem emplacar para realizar períodos de treinos
acompanhados nas divisões de base da seleção. “Além da Luci Matias, Bruna
Pavan, hoje capitã da Seleção Brasileira infantil, também iniciou o esporte no
clube”, ressalta a treinadora Franciele Custódio.
Devido a boa estatura e com
projeção de ganhar mais alguns centímetros até atingir a idade adulta, Yasmin
que atua como central na equipe potiguar, nos testes em Saquarema inicialmente
será aproveitada como ponteira passadora, que hoje vem sendo o calcanhar de
Aquiles da equipe trabalhada pelo tricampeão olímpico, José Roberto Guimarães.
O técnico confessa que, por melhor trabalhada que as meninas brasileiras
estejam, sempre se torna complicado enfrentar as equipes europeias e até as
chinesas com suas jogadoras gigantes, o que vem obrigando o Brasil a apostar cada
vez mais na velocidade e na leitura antecipada das jogadas para conseguir levar
a melhor sobre as adversárias.
Apesar de apresentar a timidez
característica de uma menina de 14 anos e nunca ter passado um tempo longe da
família, a atleta potiguar acreditar estar preparada para encarar o desafio
recentemente vivido pela irmã e reforçou que deseja investir na carreira, atrás
do sonho de um dia compor o elenco da seleção principal.
“Fui pega de surpresa com essa
minha pré-seleção, mas estou determinada a fazer o melhor, apesar de estar
bastante ansiosa para ver o que vou encontrar lá. Mas jogando vôlei é uma forma
que encontrei de me sentir bem, fazendo aquilo que gosto”, disse Yasmin
Quirino.
Como gerente de esportes da AABB
Natal, Ricardo Freitas, está ciente de que uma convocação desse tipo pode
abreviar o tempo de permanência da atleta no clube. Por sinal, um fato que já
ocorreu com duas outras atletas: Bruna Pavan e Gabriela Cavalcanti, que hoje
atuam pelo Praia Clube de Minas Gerais.
“Não temos como segurar as
atletas. Pior é que no vôlei não ocorre o mesmo que no futebol, onde o clube
formador fica com direito um percentual nos valores da transação toda vez que o
jogador troca de clube. Nós, às vezes, recebemos apenas um muito obrigado, mas
não podemos fazer nada, pois sabemos que o passo será importante em termos de
carreira para elas”, destacou.
Ciente do papel de clube formador
de novos talentos, o gerente de esportes da AABB deixa aberto o convite para os
jovens das categorias masculino e feminino que estão interessados em ingressar
na carreira do voleibol. “Aquele garoto ou garota que tiver uma boa estatura e
quiser praticar vôlei, pode vir fazer teste na AABB. Nós estamos aqui de
segunda a sexta a partir das 14 horas e basta me procurar”, disse Ricardo
Freitas.
Fonte: Tribuna do Norte
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